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Principais mitos da aprendizagem que devem ser abandonados - K-20 Blog

Escrito por CYPHER Learning | 29/12/2021 08:00:00

Parece que todos estão ansiosos pelo ano novo e pela promessa que ele traz. Embora este ano tenha sido um pouco melhor que 2020, algumas coisas devem permanecer no passado. De minha parte, também acho que devemos deixar outras coisas para trás: os mitos de aprendizagem! Por exemplo:

  • Usamos apenas 10% do nosso cérebro.
  • Nós nos lembramos de 10% do que lemos, 20% do que ouvimos e 30% do que vemos.
  • Podemos aprender enquanto dormimos quando o quarto está totalmente escuro.

Sim, acabei de inventar o último: a resposta é não, não há como aprender dormindo, com ou sem escuridão. Não posso deixar de admitir a minha decepção :/.

Mitos podem se infiltrar em nossa cultura coletiva porque apelam para nossa intuição, tornam-se muito populares e se potencializam ao serem repetidos continuamente. Em última análise, eles são passados de geração em geração.

A falha mais aparente nos mitos é que eles não têm uma abordagem baseada em evidências. Em outras palavras, eles se originaram em algum lugar incerto, geralmente em livros ou estudos nos quais métodos de pesquisa rigorosos não foram aplicados ou simplesmente como reflexo do conhecimento científico da época.

A partir do momento em que sabemos melhor, também podemos fazer melhor.

Sete mitos de aprendizagem que devem ser abandonados

Esclarecer e destruir alguns mitos populares da educação nos leva a práticas muito melhores e baseadas em evidências.

Sem mais delongas, vamos explorar alguns mitos educacionais populares que convém abandonar no ano que vem:

  1. Os professores devem ensinar de acordo com estilos de aprendizagem

    As tentativas de validar a teoria dos “estilos de aprendizagem” falharam ou tiveram resultados fracos. A intenção do mito é boa: vejamos o que os nossos alunos preferem para que possamos ensiná-los melhor. No entanto, classificar os alunos em grupos estreitos é uma prática totalmente sem sentido, pois não há nenhuma evidência científica de que adaptar a instrução a “estilos de aprendizagem” realmente contribua para melhorá-la.

    Em primeiro lugar, como saber quem pertence a qual categoria? A maioria é classificada com base em autorrelatos, que são um método pouco confiável para determinar estilos de aprendizagem. Mesmo assim, se os alunos têm inclinação para um determinado estilo, isso não quer dizer que esta seja a maneira mais produtiva de aprender. Falando em improdutividade, é quase impossível desenvolver métodos de ensino eficientes para abranger todos os estilos de aprendizagem em suas múltiplas classificações.

  2. A pirâmide de Maslow nos mostra como motivar os alunos

    O conceito de que os educadores devem atender primeiro às necessidades básicas dos alunos é uma ideia nobre. É fácil ver porque a Hierarquia de necessidades de Maslow ainda é amplamente aceita na comunidade educacional como sendo inerentemente válida. Basta cuidar primeiro das necessidades dos alunos e depois ensiná-los, certo?

    A falha em toda essa abordagem é que, apesar de sua popularidade, as tentativas científicas subsequentes de validar essa teoria falharam. Não só isso, mas o próprio Maslow nunca imaginou sua teoria como uma pirâmide. Também a abordamos como um jogo do tipo “tudo ou nada”, no qual uma “necessidade inferior” deve ser completamente satisfeita antes de passar para uma de ordem superior, o que significaria que todos os alunos devem estar completamente contentes antes de colocarem os pés na sala de aula. Isso também coloca uma pressão impossível sobre você, como educador, em termos de descobrir o que os alunos precisam, quando, na realidade, o cultivo de uma boa relação entre o professor e os alunos tem mais chances de motivá-los a aprender.

  3. O intervalo de atenção dos alunos está diminuindo

    O mito de que o intervalo de atenção das pessoas hoje em dia é comparável ao de um peixinho dourado se espalhou como um incêndio graças aos exageros da mídia. A afirmação baseou-se desde o início em uma fonte duvidosa, mas atraiu muitas pessoas que acreditavam que isso deveria estar relacionado ao uso de smartphones. A verdade é que a pesquisa sobre o vínculo entre smartphones e a redução do intervalo de atenção está repleta de evidências inconclusivas e contraditórias.

    Até agora, não temos estudos longitudinais suficientes para nos referirmos à causa, e a maioria deles baseia suas conclusões em dados correlacionais. Como o intervalo de atenção varia de tarefa para tarefa, mesmo para um único indivíduo, até mesmo a estimativa de intervalo médio de atenção de 10 a 20 segundos não se sustenta.

    No entanto, telefones podem distrair, levando à diminuição do foco e à rápida alternância entre várias tarefas. Uma maneira mais segura de neutralizar esses efeitos negativos é iniciar uma conversa sobre o bem-estar digital e limitar o tempo frente a tela sempre que necessário.

  4. Os alunos aprendem melhor sob pressão

    “Sob pressão” poderia ser um ótimo título para um filme de ação, mas não é minha sensação favorita. Você pode dizer que mesmo que eu não goste muito, estar sob pressão pode ajudar a me concentrar mais, devido a adrenalina correndo pelo meu corpo.

    E você tem razão em um certo sentido, pois alguns estudos mostram que o estresse pode ajudar na consolidação da memória. Se os alunos ficarem estressados depois ou perto do evento de aprendizagem, isso pode ajudá-los a assimilar melhor as informações.

    No entanto, se eles se sentem estressados no decorrer da aprendizagem, o desempenho de recordação e reconhecimento diminui em mais de 30%. O resultado é independente do material aprendido, e o efeito do estresse agudo parece não ter relação com a hora do dia.

    É mais provável que o estresse não seja nem preto ou branco, nem bom ou ruim. Uma pequena quantidade de pressão é normal e esperada, mas o estresse crônico tem efeitos adversos profundos na aprendizagem e na saúde em geral.

  5. Os alunos de hoje são multitarefa por natureza

    Por serem os chamados nativos digitais, os alunos estão acostumados a alternar entre dispositivos e, portanto, estão acostumados a trabalhar em várias tarefas ao mesmo tempo com eficiência. Pelo menos é o que se costuma dizer por aí. Afinal, os alunos também podem andar de bicicleta, o que exige fazer mais coisas ao mesmo tempo também.

    Bom, não tão rápido. Aprender a andar de bicicleta demora um pouco, e o processo se torna automático depois de um tempo. Para tarefas complexas, como aprender ou participar de aulas, esse não é o caso, e os alunos ainda precisam fazer um esforço a cada novo evento. O que acontece é que eles mudam rapidamente de tarefa para tarefa, resultando em baixo desempenho de aprendizagem.

    A verdade é que todos nós somos mal equipados para lidar com várias tarefas ao mesmo tempo, pois perdemos mais tempo fazendo a troca do que trabalhando nas tarefas em questão. Então, da próxima vez que os alunos insistirem que são capazes de enviar mensagens de texto e aprender simultaneamente, tente este experimento junto com eles.

  6. Os meninos são melhores em matemática do que as meninas

    Se eu ganhasse um centavo por cada vez que ouvisse isso, poderia comprar um outdoor enorme com os dizeres: “Meninos E meninas podem ser bons em matemática.”

    Neste estudo recente, pesquisadores descobriram que “meninos e meninas acionam o mesmo sistema neural durante o desenvolvimento da matemática”. Isso é consistente com outras descobertas que indicam que meninos e meninas têm um desempenho igualmente bom em matemática. No entanto, “estereótipos de que meninas e mulheres não têm habilidades matemáticas ainda persistem e são amplamente defendidos por pais e professores”.

    O mito está enraizado na ideia errada de que existe uma vantagem biológica que torna os meninos mais “analíticos”. No entanto, é difícil distinguir entre as influências biológicas, individuais e sociais quando se trata de desempenho em diferentes disciplinas. Em outras palavras, as meninas internalizam a mensagem de que não vão se sair bem em matemática e desistem logo no início.

  7. Em alguns alunos, domina o hemisfério direito do cérebro, em outros, quem domina é o hemisfério esquerdo

    Se você fizer uma pesquisa rápida no Google por testes que avaliam o lado dominante do cérebro, encontrará cerca de 720 milhões de resultados. Essa ideia já existe há algum tempo, o que novamente divide os alunos em duas categorias: criativos e analíticos. A primeira categoria se aplicaria para as ciências humanas, enquanto a segunda, para as ciências exatas!

    Sem nos aprofundarmos muito em neurociência, os hemisférios esquerdo e direito estão conectados e sempre se comunicam entre si. Um lado pode ser maior que o outro, mas isso não quer dizer que preferimos usar um mais do que o outro! Este estudo envolvendo mais de 1.000 indivíduos usou imagens por ressonância magnética funcional para destruir esse mito de uma vez por todas, concluindo que “nossos dados não são consistentes com um fenótipo cerebral de maior atividade de redes neurais no hemisfério esquerdo ou direito entre os indivíduos”.

    Em outras palavras, não há como ter um sem o outro: a conectividade do cérebro é mais importante do que as funções específicas de cada hemisfério, e há um perigo real em acreditar que o seu cérebro só é bom em “criatividade” ou “lógica”.

Fato ou ficção?

Esta não é uma lista completa, então eu recomendo que você confira o livro Urban Myths about Learning and Education (Mitos urbanos sobre a aprendizagem e a educação) para ter uma visão mais abrangente sobre o assunto.

Mitos educacionais populares provavelmente continuarão a existir de uma forma ou de outra. Seu fascínio consiste em explicações aparentemente simples que parecem válidas. No entanto, agora que sabemos melhor, podemos deixá-los onde eles pertencem: no passado.